segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Ergueu-se do leito, abriu um sorriso gostoso, espreguiçou-se como se aquele fosse o último dia de suas férias e me olhou com olhinhos de quem acaba de ter uma ideia.
No café, pão, queijo e tomate, dos mais vermelhinhos, no chuveiro é água que não acaba mais e no abraço o calor de todos os dias.
Do limão, verdinho, como não deixara de ser, o azedo se torna doce em seus lábios. Nas palavras, a beirolinha, o "lá dentro", a pititinha.
No mundo dos bichinhos, vem a Fefecona balançando o rabinho toda vez que chega, enquanto do outro lado da cidade, o Petrucci sente sua falta e sempre vai ganhar um cafuné quando está presente.
Vem o fim de tarde, e o dia vai se transformando em noite, mas não sem antes sua observação: - Olha lá que lindo o horizonte alaranjado com o pôr do sol! Olhe as nuvens de bigorna se movendo para o infinito! - Será que chove? Quero relâmpagos e trovões!
De tantas cores, de tantos ventos, amores, ela saiu por aí.
Se perguntarem de Luiza, digam que foi ver o céu, digam que foi entre as nuvens e que logo voltará.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Hora de Arte: Expressionismo Alemão



Käthe Kollwitz, exprerssionista que viveu na Alemanha! Como entender o expressionismo? Observando a angustia dos atores na cena. Geralmente, quando falamos em expressionismo, logo lembramos do norueguês Munch, e seu famoso quadro "O grito". Mas este "ismo" tão angustiante para quem observa, fincou suas raízes mais sólidas na Alemanha desde sua formação enquanto nação em fins do século XIX, até o período denominado "entre guerras", pois a denuncia da palpérrima vida dos trabalhadores alemães era sem sombra de dúvidas um tema muito fértil para os artistas da expressão. Com a chegada do Nazismo ao poder, muitas obras se perderam no meio das queimas de documentos, mas algumas hoje sobreviveram para contar suas histórias. A litografia "Miséria" a seguir é um bom exemplo de como Käthe Kollwitz trabalhava.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mundo Vigarista

Cinco e meia da manhã, o relógio me desperta de um sonho que eu vinha tendo há exatamente duas semanas. Sentado na cama, aguardo meus olhos acostumarem com a claridade que começa a descer sobre a cidade. Sem tomar um mísero copo de leite pela manhã, caminho direto ao banho. Em outros tempos, ou em outras vidas, mais algumas horas, esperava você se levantar do outro lado dessa selva de pedras, e logo ia lhe desejando um bom dia e mandando mil e um beijos.
Durante os desdobramentos do dia, uma trilha sonora carregada de sentimentalismo passava por minha cabeça, chegava a cantarolar algumas dessas canções, esperando o fim de tarde se aproximar para podermos conversar até a hora de dormir, e aguardar o fim de semana chegar.
Acontece que o tempo "Senhor dos Destinos", protagonizado com toda justiça, em belas canções, desde Caetano, até os cantores mais modernos do século vinte e um, não me permitiu viver mais aqueles dias. Tornou o meu dia, mais vazio, sem a a presença que vivia do outro lado do muro. Me trouxe novamente ao mundo desigual. Me esculachou, me arrasou, me fez sentir um verdadeiro mendigo, sem abrigo. Restando apenas meus sentimentos confusos que me acompanhariam nos próximos tempos, transformou minha vida em um martírio!
Caí no mundo vigarista, com a vestimenta de um marginal! Os discos antigos, já não conseguia escutar nenhum acorde, os livros que compartilhamos, não compreendia mais sequer uma palavra, e a bebida me derrubava como nunca tinha acontecido ao seu lado.
Chegaram até mim teorias e mais teorias sobre felicidade, tristeza e até morte. Não quis aprofundar em nenhuma delas, pois a única teoria que me cabia naquele momento, era a que é seguida da difícil prática de viver sem uma droga que me alimentara por longos períodos. Enquanto pulsava o sangue, busquei na literatura que lhe era distante a melhor opção para acabar com essa dor, e por fim, resisti bravo e forte aos ventos gelados que sopravam por dentro de mim. Sem me alimentar direito, emagreci, mas continuei em guarda, esperando a tempestade passar.
Com tantos desastres ocorridos, descobri que nada existiu, ainda que o sofrimento continue de hora em hora frequentando meu corpo, achei melhor cantar outras canções e sofrer distante e calado de qualquer perigo.
Sei que você nunca sentiu nada por mim, e pela primeira vez escrevendo a palavra "amor", juro que tento, mas não sei mais se ela é uma realidade distante ou uma abstração que nosso sub consciente nos impôs algum dia.

Imagem; Pintura de Toulouse Lautrec. A vida amargurada nos cabarés parisienses do século XIX

segunda-feira, 27 de setembro de 2010




É marginal! Acostumado a acordar cedo e ficar vadiando nestes cantos da cidade!

Corre marginal! Corre que a polícia vem ai! Você não quer entrar em cana novamente não é? Sem ter quem te buscar, sem saber o que fazer!

Vai embora menino! Muda de vida, vai pra outro canto! Junta seus trapos, ou pelo menos o que restou deles em suas andanças pelas ruas e bordéis do geto.

Muda de vida marginal! Ou deveria lhe chamar de parazita! Acostumado a habitar os corações femininos, abalados pelo tempo e fraquezas da vida.

Deixa elas de lado, e vai cuidar de ti.
(Pintura - Van Gogh)

sábado, 25 de setembro de 2010

Aos cuidados da Alienação

Prezados (as),

Venho por meio deste, informar-lhes que as circunstâncias da vida, fizeram de mim o que jamais teria feito, se tivesse permanecido calado, em um quarto escuro, prestando atenção no tempo, sem se mover.
Naturalmente, ao sair do escuro das quatro paredes que me engoliam a cada dia, descobri os prazeres da vida, as dificuldades também, nestas, encontro a mais amargurada sobra que um sentimento humano pode passar. No entanto, são horas de desespero, acompanhados do calor da luta. Seria eu, um hipócrita, ao permanecer no quarto do breu, me esquivando das dificuldades que a vida me trazia.
Por isso, cá estou. Sem querer saber se o desprezo que os contrastes trazem todos os dias para nós. Não retornarei para aquele aconchegante e alienante cômodo.

Atenciosamente.

Pedro Rennó
O amor é uma merda
Uma merda que se compra no primeiro mercado de merdas da cidade de merda
Eu comprei muitas merdas, umas tive que engolir
Outras merdas devolvi

quarta-feira, 22 de setembro de 2010



Nosso último "algo em comum"

-Sonhei com joaninhas
-Uma joaninha subiu em meu ombro no elevador!
doces lábios, permitam-me mais uma vez/ encontrá-los. fazer carinho, niná-los/faze-los me amar.
(texto diferente)

Parece que foi ontem...
Se eu fizer...
Não é óbvio?


Sempre estive ao seu lado
Me diga agora se estou errado
Você me ama, isso eu sei
Mas me deixou sem ter porque

Você pode inventar mil desculpas
Mas meu bem você já é bem adulta
Pra ficar comigo

Nos momentos que deitamos
Eu me lembro foram muitos planos
Agora vejo tudo desmoronar
Abro meus olhos você não está

Meus sentidos estão todos a mil
No meu carro tem um banco vazio
(IRA!)

sábado, 28 de agosto de 2010

Nosso amor não se corresponde por cartas
Se corresponde pelo coração
Se nos dias cinzentos, a chuva que se esconde por trás das nuvens, ousar em apagar os versos que em linhas tortas guardei pra ti
Não pouparás meu sofrimento, e ainda sim, te amarei
Palavra turva
Expressão furada
Sílaba vazia
Ode a vida
Refresca minha memória

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Decidi voltar a desenhar

Decidi voltar a desenhar.
Desenrolei o maior papel que tinha guardado, afiei meu lápis e me estiquei sobre o chão.
Ao fundo, um céu limpo, claro, e o sol se perdendo na profundidade.
No lado direito, uma pequena casa, porém aconchegante, e dois cachorros brincando de caçar os passarinhos que desciam para beber água.
Do lado esquerdo, esbocei uma estrada que se perdia no horizonte, cercada por muitas árvores.
No centro, me desenhei com um sorriso, escondendo meu rosto do forte calor que ali estava.
Ao meu lado... bem, ao meu lado...
Prefiro desenhar o vazio do que escrever!

Esquina

Sinto o cheiro do vento que bate em meu rosto. Tem cheiro de vento que quebra no mar. Me lembro do caminho que quebra na esquina, me lembro da imagem que um dia guardei.
Sinto o cheiro da moça que me abre um sorriso, Tem cheiro da ternura que um dia se foi, me lembro do cheiro que dobra a esquina.
Sinto teu cheiro quando passo alí. Tem cheiro de tempos que nunca esqueci, me lembro da vida que um dia vivi. Me lembro de ti.